sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Olhar Crítico


                Iza Costa  completou 45 anos de atividades artísticas e o Museu de Arte de Goiânia comemorou o fato com uma exposição retrospectiva que reúne pinturas, desenhos, xilogravuras e objetos de sua autoria.
                A artista graduou-se em 1965 pela Escola Goiana de Belas Artes, da Universidade Católica de Goiás, viajando a seguir para o México, onde estudou gravura em metal, litogravura e história da arte na Universidade Autônoma do México. Na capital mexicana Iza teve contato com a obra dos muralistas mexicanos, sobretudo de Rivera,Siqueiros e Orozco e esta vivência a marcaria para o resto de sua vida.
               Talvez sua afinidade tenha sido maior com a arte de Siqueiros,cuja linguagem artística tem raízes fundadas no cubismo, privilegiando as estruturas construtivistas. Assim como Siqueiros, a arte de Iza Costa nunca se afastaria de uma arquitetura plástica construída no papel, na tela, em objetos e paredes nas quais estão presentes o triângulo, o quadrado, o
retângulo, os cubos, as esferas, os cilindros, os cones. Esta configuração esta presente tanto nos trabalhos figurativos quanto nos abstratos, em sua obra gráfica, pictórica, muralística e escultórica. Na série “Desconstrução das formas”, ela pratica um abstracionismo referencial que, não obstante a intenção de desconstruir, resulta numa nova construção, embora num outro domínio, o das relações formais e colorísticas, no qual as formas e dimensões das áreas de cor e a intensidade delas estabelecem um sistema de modulações que, em Iza Costa, conserva a monumentalidade e o vigor de sua obra figurativa.
           A série “Paisagens Aéreas”, de um construtivismo um pouco mais solto, ela projeta seu lado romântico, seu amor à natureza. E na série de desenhos “Sinais dos Tempos”, de 1982, afastase do viés construtivo, aproximando-se do simbolismo e do surrealismo.
O muralismo objetivava contribuir para a consolidação da revolução mexicana de 1910 mediante uma arte que falasse do povo e dialogasse com ele, que resgatasse os valores da civilização mexicana précolombiana,amortecidos pela opressão estrangeira e pelas oligarquias que a apoiavam tirando proveito dela. Trata-se de uma arte declaratória, política, solidária com os oprimidos; uma arte que fala da opressão, mas que incita à reação, à contestação e ao heroísmo.
          A arte de Iza Costa está carregada de signos, símbolos e sinais da cultura indígena latinoamericana, da paisagem dos povos americanos de língua castelhana e portuguesa, de heroínas desta e de outras partes do mundo, do presente e do passado. Por extensão,engloba ainda figuras e movimentos da cena bélica mundial de nossos dias,os grandes conflitos do oriente médio, o envolvimento norte-americano e a reação a ele. Tudo isso mediante uma pintura, um desenho e uma gravura de formas pletóricas, expressivas, e de cores fortes, sabiamente harmonizadas.
          Iza Costa afaz uma pintura épica, à sua imagem e semelhança física e espiritual.

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